sexta-feira, 1 de abril de 2011

INTENSO AMOR

Certa vez estava eu na cidade de Vultareaçu quando encontrei Clarisse, uma simpática, bonita e macambúzia moça vultareaçuense. Logo que a vi, senti: amor à primeira vista. Um amor que se escondia em minhas entranhas, que se compilava em meu interior como uma bomba, só esperando para explodir. Era um amor que tinha guardado dentro de mim por causa de um outro amor, que me destruiu. Um passado que quero esquecer. O importante para mim no momento era que aquele amor incurado e compilado, pronto para ser liberado com força total, agora afagava todo o meu ser. Saiu de tal forma que comecei à fitar Clarisse de um jeito inexplicável. E assim permaneci por longos minutos.
  Notei que Clarisse também parara e começara a me fitar. Do mesmo modo que eu a fitava. Trocamos olhares e olhares por minutos que pareciam a eternidade, mas que foram, até hoje, os melhores minutos da minha vida. Minutos que, como o amor que se explodiu no momento em que vi Clarisse, quero compilar no fundo do meu coração e que não saia dali nunca mais. Mas esses minutos findaram. Já não fitava Clarisse mais, nem ela me fitava mais. Aí pude perceber novamente que Clarisse estava macambúzia. Seus olhos, azul-céu, não estavam com o brilho celeste. Sua face, branca como uma pétala de rosa branca estava pálida. A tristeza dominava a suas entranhas no momento. Não entendi o porquê de ela estar macambúzia, se, há alguns instantes, trocávamos olhares tão intensos que eu pudia observar seus olhos azul-céu vibrando defronte aos meus olhos verde-água. Fui de encontro à ela, mas ela, a cada passo meu, se afastava com um passo. Então lhe perguntei: "Por que não quer ter comingo?" Ela rapidamente disse sussurrando: "Por nada". E se afastou um pouco mais. Vi que ela estava numa angústia, no momento incurável, e decidi insistir até que ela cedesse. Então, lhe disse: "Não tenho nenhuma má intenção, mulher. Quero somente saber o motivo desta angústia, invisível há alguns minutos, quando nos fitávamos intensamente". Tive de dizer que não tinha nenhuma má intenção para com ela. O que ela iria pensar de um desconhecido homem que a faz largar de sua angústia por prazerosos minutos e depois querer saber o motivo de estar angustiada? Vendo, então que eu não era mal-intencionado, cedeu. Veio ao meu encontro como um furacão e me deu um forte abraço, do qual não queria sair nunca mais. E se desbanjava em lágrimas, que corriam em sua face, agora vermelha, como cachoeiras, retratando a angústia que adentrava seu coração, e que agora, finalmente, a deixava em paz. Então, com a cena, pude perceber que não era somente eu que tive um amor fracassado. percebi e saí de meu mundo fora do normal.
  Mais um momento prazeroso e amoroso, se é que isso pode ser amor, entre nós. Clarisse, agora refrescada e refortalecida pelo choro e pelo abraço, resolvera me dizer o que estava acontecendo. Havia uma praça em Vultareaçu que ficava perto de onde estávamos. Sentamos e fui formulando o que iria dizer à ela enquanto estava na sorveteria e ela sentada num banco da praça. Voltei e então sentamos para conversar e tomar o sorvete. Não estavávamos mais macambúzios. Só havia uma pergunta, que fiiz em meu interior: "Por que eu estava ali?"" Por que eu sentia uma atração fortíssima por ela?" "Por que eu estava ali conversando com ela?" Só havia uma resposta: puro amor. Nunca sentira um amor tão forte antes, nem mesmo quando estava apaixonado da primeira vez.
  Sem demorar mais, pois já estava ficando de tarde, perguntei o que havia feito Clarisse se deprimir. Ela disse que se separou do marido, e que ficaria mal falada na cidade. Disse que o marido era um estulto, estupido, com um nível baixíssimo, mas que mesmo assim o amava. Disse que tem um filho, e que o marido a  impediu de levar consigo. Sem filho e sem rumo vagava pela cidade, pois a mãe e o pai já haviam falcido e os irmãos estavam em outras partes do país. Eu comentei com ela rapidamente sobre o meu amor intenso. Isso a felicitou muito, como quem também estava apaixonada. seus olhos brilhavam intenasamente, sempre em direção ao meu. E eu, sempre olhando à ela, a consolava e dizia que tudo iria dar certo. Clarisse me perguntou: "Estamos aqui há horas conversando, trocando abraços e olhares e ainda nem sei teu nome. Diga, por favor". "Verdade. Meu nome é Amor. e o seu?", disse. Ela disse: "O meu é paixão. Acho que os dois formam um lindo par, não acha?". Então eu disse, numa euforia intensa: "Sim, formam um belo par. Amor e paixão, calor e fogo, raio e trovão". Então ela repetiu a pergunta: "Qual é o seu nome?". Eu disse: "João". Então ela repetiu o meu dito: "Sim, formam um belo par. Amor e paixão, calor e fogo, raio e trovão, Clarisse e João". Naquele momento senti que tudo estava consumado. Meu amor por ela e o amor dela por mim. Unidos num só. Fitamo-nos mais alguns minutos, beijamo-nos e sentimos que éramos feitos um para o outro, e que nada nos impediria, nem marido, nem amor, nem criança. E fomos para Formosa, minha cidadezinha., vever intensamente o nosso intenso amor.

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