terça-feira, 24 de maio de 2011

Fruere Vitæ

   Você já deve ter ouvido, lido ou até comentado com alguém sobre a expressão "carpe diem", que significa "aproveite o dia". Em minha opinião, não devemos somente aproveitar o dia, mas toda a vida, cada momento bom que passamos, os ruins também, pois é com eles que aprendemos a fazer o certo, é com eles que aprendemos a viver mais intensamente a nossa vida e ver que estes momentos ruins logo passam, e tudo já voltou ao normal. E é por isso que formulei, graças aos meus conhecimentos em Latim, uma nova expressão: "Fruere Vitæ", que significa "aproveite a vida".
     Não me considero seguidor das ideias de Schopenhauer, mas creio que são necessárias. Tento viver cada momento da minha vida como se fosse o último, e é muito bom. Muito bom conversar com as pessoas; muito bom poder dar a opinião desejada; muito bom poder dar um abraço; muito bomm poder olhar para a pessoa que mais ama e poder dizer: eu te amo. Coisas pequenas, gestos simples, mas que me fazem feliz. Certamente que fico feliz com outros gestos, como quando ganho um presente, ou quando me dou bem  numa prova, ou até mesmo quando estou de bem com os supostos inimigos. Mas o que mais me fascina é a simplicidade de um abraço, a meiguice das palavras doces, aconselhadoras e fortes das pessoas que me amam e que estão à minha volta.
     Uma pequena história que escutei há alguns meses sobre o assunto:
     Eduardo nasceu numa família rica. Seu pai era dono de uma empresa que fabricava peças para automóveis. Desde pequeno foi mimado pela família, cresceu com poucos amigos, a maioria filhos de sócios do pai. Enfim, vivia só, em sua gigantesca estância, a qual mal conhecia, com sua família rica e soberba.
     Chegou na adolescência. estudou na melhor escola da região, era amigo de todos. A conversa quase sempre era sobre economia ou algo do gênero. Ficava atéum pouco chato de ouvir as conversas de Eduardo, ou Dudu, como os amigos e a família o chamavam, pois era sempre se a bolsa de valores está boa para investimentos ou não.
      Na faculdade, formou-se em engenharia mecânica, para ajudar na empresa do pai. Ganhou de presente de aniversário um cargo executivo na mesma. Comprou suas casas, seus carros, viajava muito à negócios. Tinha tudo o que sempre sonhou (ou não, porque ele já tinha muito até mesmo quando nasceu).
     Depois que se formou, dedicou-se inteiramente ao trabalho, mas logo surgiu um amor. Um amor forte por uma garota de sua classe social, que se formara em direito. Se casaram. Eduardo teve dois filhos com Heloísa, sua esposa. Mas só tinha tempo para o trabalho. Trabalho, empresa, negócios, estas eram as paravras-chave do cotidiano de Eduardo. E o tempo foi passando. Um ano, cinco anos, dez anos, vinte anos, trinta anos. Eduardo com quase sessenta anos, numa bela tarde, teve uma grande dor em sua coluna, quando estava sentado em seu gabinete na sua respeitada empresa, a qual trabalhava arduadamente por vinte e sete anos. Então foi para casa mais cedo, fato raro. Geralmente ele só o fazia quando era estritamente necessário.E esta ocasião era. Chegou em casa e foi para uma rede, que ficava pendurada numa árvore no seu imenso jardim, o qual parecia uma reserva ecológica de tão grande. Então, olhando para aquelas árvores de seu jardim, com belíssimos pássaros comendo de seus frutos, que pareciam gostosos, fez um flashback. Voltou à época da escola, dos estudos. Voltou à faculdade, ao casamento, à formatura. Mas faltava algo. Algo que ele procurava mas não achava. Era a vida de sua família.  Eduardo começou a chorar. Percebeu, finalmente, que não tinha passado tempo algum com seus filhos, quando eram crianças. Percebeu que nunca dera um abraço de boa noie em sua mulher, todo dia chegava e ela já estava dormindo. Só aí ele percebeu que estava velho, cansado, triste. De repente, ele pulou da rede. A família estava na sala de estar esperando ele chegar para almoçarem. Ele chega rapidamente e grita bem alto "Eu amo vocês, minha família". Todos se espantaram, mas logo abriram um sorriso inenarrável, um sorriso que nunca tinham feito na vida. Um sorriso que dizia "Ele me ama, de verdade". Então foram viajar e aproveitar a vida, Eduardo deixou de trabalhar loucamente, para descansar o pouco de vida que lhe restava ao lado de sua amada e de seus filhos.
     Companheiros. Gostaram da historinha? Isto deve acontecer na realidade, também, não posso afirmar que seja da mesma maneira, mas, esta história é para que reflitamos e demos mais atenção à nossa vida. O tempo passa rápido demais. E, se não nos dedicarmos inteiramente ao nosso bem-estar, à nossa família, à nossa vida, morreremos sem ao menos dizer "obrigado", ou "eu te amo".
     Reflitamos, e vivamos intensamente a nossa vida, para que possamos chegar à morte cheio dela!

Um comentário:

Anderson Pereira disse...

Incrível Pedro, cada vez melhores os posts seus. :P