segunda-feira, 28 de julho de 2014



E de repente, viu - se presa em uma realidade quase inversa à que estava poucos minutos atrás - em seu sonhos. Seu corpo parecia pesar toneladas, enquanto afundava naquela superfície macia em que estava estendido. Fez força para levantar, mas a sua volta, formaram-se correntes, elos de tecido tramados, e seu esforço lhe pareceu vão. Em seu entorno, o mundo andava e, enquanto em seu pensamento surgiam um turbilhão de ideias que se confundiam com a realidade, ela permanecia estancada, imóvel, praticamente extinta, confusa em seu mundo de sonhos. Vozes sussurravam em seu ouvido canções de ninar e o frio lá fora parecia que iria não só lhe arrancar a alma, mas também a rasgar em  pequenos pedaços de gelo, antes de despedaçá-los no chão.
Tentou uma última vez se desvencilhar daquela maré de cobertores e conforto que surgiam a sua volta, inutilmente. Parou de resistir, afinal... Talvez não faria mal se ficasse mais uns 30 minutinhos na cama.

sábado, 22 de setembro de 2012

Um novo cenário populacional

                     
                   A população do Brasil está envelhecendo. Hoje, treze milhões de pessoas possuem mais de sessenta anos, sendo o maior número atingido em todos os anos. Nos primórdios de nosso país não se pensava nessa possibilidade, que podemos classificar como mais uma conquista, mas que ainda está longe da perfeição.
                   Se para um adulto a vida é complicada, para um idoso é ainda mais. Este já não pode realizar várias atividades que antes realizava. Suas limitações decorrentes da idade avançada o prendem, na maioria das vezes, a uma rotina monótona, que pode levar a outras doenças, como depressão.
                   A saúde no Brasil é desamparada pelo governo, dificultando o seu acesso às camadas mais pobres, que têm de conviver com a precariedade e com a falta de uma qualidade de vida digna. Há que se pensar em reformas, para atender de maneira eficaz a população em geral, assistindo com mais veemência ao idoso.
                   Outro aspecto é o familiar, quando se trata de cuidado. Grande parte dos idosos é levada aos asilos pelas famílias. Muitas possuem um grande carinho por eles, estando ao seu lado todos os dias. Porém, outras são descuidadosas e irresponsáveis, deixando-os à mercê dos asilos, que, em muitos casos. não o tratam como deveriam.
                    O Brasil, como uma das maiores economias mundiais, precisa melhorar sua qualidade de vida, adequando os padrões ao novo cenário populacional que se forma, tentando privar, de maneira eficiente, dos algozes da idade.

Que saudades daqui...

                        Infelizmente, devido à falta de tempo, não venho aqui há meses... A saudade de voltar a escrever é imensa. Tanto no P.S. quanto no CEFAS. Gradativamente vou tentar encaixar um horário para eu escrever. Continuem nos visitando, amigos!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

LISBELA E O ROMÂNTICO - CARPE DIEM

          Desde este último embate joguei tudo para o alto. Tentei fazer de tudo para esquecer completamente Lisbela. Fui para a roça, para um sítio que consegui comprar com um pouco de dinheiro do meu trabalho somado com minhas economias. Me isolei do mundo. Fugi da realidade. Reergui uma velha frase usada há tempos pelos árcades: Carpe Diem.
           Carpe Diem. Uma pequena grande frase. A partir do momento em que resolvi tirar Lisbela de minha vida amorosa, percebi que sofria à toa. Percebi que estava deixando de lado várias coisa mais saudáveis do que ficar chorando a dor de um amor não correspondido. Percebi que havia um longo caminho para eu trilhar, e que eu não devia mais ficar deixando de aproveitar cada momento do dia, aproveitar cada momento da noite, aproveitar cada momento da minha vida, que se passara com um raio desde então. Estava coim um grande problema nas mãos. Carpe Diem ou o amor de sua vida?
             Infelizmente eu queria os dois. Acho que qualquer pessoa também escolheria as duas coisas. Mas isto era impossível, porque, para eu aproveitar a vida ao lado de Lisbela, Dito Cujo teria de sair da história, o que provavelmente é difícil de acontecer, pois um desencorajado como este não é capaz de lutar por isso. Porém, se eu deixar isso de lado poderei viver o resto de meus dias na plenitude!
              Na roça, tudo era alegria, tudo era explendor. Não tinha a necessidade nem de ir à cidade, pois já tinha tudo: comiga, roupas, abrigo, sossego, PAZ! Os únicos dias em que eu ia à cidade eram os dias da Santa Missa, que era Celebrada numa comunidade rural próxima dela. Era lá que me revitalizava. Eu era e sou muito crente nos dogmas cristãos, e acredito fervorosamente neles. Por isto, eu me sentia leve quando me ajoelhava aio confessionário; me sentia santo ao receber a Eucaristia; me sentia fiel ao rezar. E voltava à minha choupaninha muito mais feliz, muito mais Romântico e encantado pela vida! Vamos ver até quando isso dura... Ó Carpe Diem; Ó Carpe Diem!

domingo, 18 de março de 2012

Cores


Aparentemente não tinha nada de extraordinário, não parecia merecer destaque, não parecia ser diferente e nem parecia ser importante pra que alguém contasse sua história.
Era um menino normal. Gostava de catar minhocas e de soltar pipa. Não gostava de matemática, nem de jiló e nem de coisas azedas. Às vezes faltava aula e ficava jogando futebol na rua. Gostava muito de maria mole e mais ainda da Maria, meninasinha risonha, filha do padeiro.
Mas tinha uma mania engraçada, mania que era mais do que gostar e era melhor do que todas as coisas. Era melhor do que limonada, melhor do que maria mole e a Maria juntas. Era uma mania danada de observar. Observava as pessoas, as paisagens, as minhocas e o moço que passava à tardinha com aquela máquina de fazer pipoca. Mas não eram bem as pessoas, não eram bem as paisagens, não eram bem as minhocas ou as pipocas. Eram as cores. Ele observava as cores. Todas elas. E é bem aí que a gente tem vontade de contar sua história. Tem vontade de falar dele. Porque ele tinha olhinhos de pintor. Se sentia eufórico a cada tonalidade, a cada nova cor. Não observava e nem achava bonito apenas o começo ou o fim do dia quando as cores se fundem em milhares de tonalidades inebriantes. Gostava de observar o branco da pipoca sendo coberto pelo amarelo amarronzado do caldo de cana, e o branco de farinha na cara da Maria que era toda pretinha. Adorava quando a noite ia chegando e o céu ficava quase lilás com uma estrela brilhando sozinha entre as nuvens. Se deliciava quando chegava seu aniversário e a mãe preparava pra ele um bolo de fubá amarelinho coberto de coco branco e colocava bem no meio uma flor rosada do quintal. Às vezes, e torcia para que sua mãe jamais soubesse, cobria a mão de barro e prensava com força na parede branquinha do fundo de casa. E ficava observando o marrom e o branco... e o verde da grama, e o preto do gato, e o azul do céu e o cinza do muro com o violeta da flor.
Estava convencido de que existia um pintor muito caprichoso que combinava todas aquelas cores, e jamais errava nos tons, jamais misturava cores descombinantes. E punha tudo alí, só pra gente olhar e achar bonito.
Um dia o menino dos olhinhos de pintor conheceu um moço muito curioso. Era um moço que não via cores. Contou pro menino que tinha experimentado alguns jilós e coisas azedas pela vida e que agora tudo era cinzento.
O menino foi embora cabisbaixo. Esperou a noite chegar e deitou. Mas não dormiu. Ficou pensando no homem que não via cores. Decidiu que aquilo estava muito errado e resolveu mostrar ao homem algumas coisas.
Mostrou-lhe a pipoca e o melado. Mostrou-lhe o amanhecer, o anoitecer e o entardecer. Mostrou-lhe as flores e o muro e o gato e o bolo de fubá. Foi chamando a atenção do homem a cada nova tonalidade. Por último mostrou-lhe o mais bonito. A Maria. Brincava sentada no chão do lado do padeiro. Toda pretinha com a cara suja de branco, e ao lado, como que por obra do pintor misterioso, uma maçã, uma maçã bem vermelha.
O menino sentou o homem, e falou pra ele, bem baixinho, de pé de ouvido. Falou sobre o pintor. Contou que ele era muito cuidadoso e que pintava tudo aquilo pra que a gente visse, pra que a gente gostasse, pra que a gente se sentisse feliz. Falou num tom muito sério e depois saiu correndo.
O homem foi embora, pensando que aquele menino era doido, pensando em todas as asneiras que ele tinha dito e reparando como estavam amarelos os girassóisnaquela primavera.