segunda-feira, 14 de março de 2011

O VALE FLORIDO DE AMOR...III

Por: Caio Luiz Penha

Já houve tempos que carnaval era em Caxambu. Esta requintada estância hidromineral preservava no passado inúmeras tradições, dentre elas um dos mais glamurosos e melhores carnavais do eixo RJ, SP e BH. Por décadas foi mantido o típico, célebre carnaval caxambuense, contagiado pelos clubes, hotéis, que tocavam com qualidade marchinhas e hits da época. Consagrado pela expressiva, especial e tradicional clientela dos hotéis, o carnaval com a hospitalidade, compostura, felicidade, organização e beleza de suas ruas e de seu povo fazia cativo o aquático carnavalesco, memorando em sua mente a cada ano sua visita. Para torná-lo ainda mais tradicional e inesquecível surgiram as escolas de samba emanando beleza, cultura e muita alegria para o povo e para os aquáticos. Era um carnaval perfeito e acessível para todos, clubes, desfiles, marchinhas e acima de tudo uma hotelaria forte, um parque bonito, estruturado, elegante, com um povo consciente e uma clientela respeitável. Hoje sabe-se que para movimentar multidões é necessário mobilizar trios elétricos, contratar boas bandas e assim temos um povo satisfeito. Isto faz parte, todos devem acompanhar as mudanças. Mas como já dizia um sábio: "Reis jamais perdem a majestades", entretanto Caxambu tem perdido, pois seus clubes fecharam, suas escolas de samba não tem incentivo a altura, saindo arrumadas, não deslumbrantes. Seu parque, hoje, assim como no passado possui seu balneário, modernizado, indescritível embora ao contrário de outras épocas suas veredas, rinque, fontes com infra-estrutura para recepção, passeio, degustação, utilização das águas e eventos, horrível. Aquilo que foi implementado por várias administrações e continuando, o "Trio Elétrico" hoje o "espaço Axé" movido principalmente pelo axé tem sido um desrespeito pois não existe estruturação, espaço ideal para realizá-lo. As bandas? A cada ano piores... Ocorre assim o desagrado da população, dos comerciantes fixos e momentâneos. Até mesmo do turista que sempre espera progresso, todavia presencia sempre o menos, deixando de voltar para Caxambu, aquela que vem perdendo a majestade. Bom, com escolas de samba sem apoio, sem infra-estrutura coerente, com marchinhas mal interpretadas, com sonorização de pouca qualidade e para desiludir mais ainda ruas, lixeiras, um pólo hidromineral (o parque) largado. Fica difícil de se esperar e contestar a insatisfação da população e do turista! O que se deve venerar neste carnaval? A hotelaria, recebendo bem seus clientes com exclusivo e plausível tratamento, levantando assim o glamour de Caxambu que ainda restrito ao interior dos hotéis, palpita e emana crescente e calado devagar a cada ano pelo resto da cidade. Espera-se o mínimo um carnaval estruturado, planejado com meses de antecedência, um Espaço Axé planejado, por que não coberto, ilustrado por uma banda de evidente qualidade, conjuntos de samba raiz e marchinhas, caxambuenses, preparados, bem pagos, com boa infra-estrutura para sua apresentação; escolas de samba articuladas com significativo subsídio para beleza de seu desfile. E se não for pedir muito e não é: ruas, lixeiras, espaços movimentados e parque das águas mais estruturados. Agora acho que posso dormir tranquilo, pois pude exprimir aquilo que assolava meu coração, conto com seu espírito crítico, caro leitor, para comigo e com a insatisfação de tantos esperar e conquistar um carnaval melhor para Caxambu. Nós estamos pior que a plebe da Roma Antiga que recebia pão e boas festas para calar-se diante do poder, pois nós trabalhamos muito, uma vez que muitos, democraticamente elegeram esta administração, com fé em um novo tempo para ter? Uma cidade com problemas na educação, saúde, turismo, enfim, não é interessante enumerar e acima de tudo recentemente um péssimo carnaval! Boas noites a todos, amém Caxambu, amém a si!
Caio Luiz Carvalho Penha

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